terça-feira, 27 de março de 2007

Para começar: o LIXO

No decorrer de março, 82 educadores abordaram a problemática do lixo na cidade e levaram a discussão para 5.700 agentes locais de toda capital.

O que é o lixo? O que fazer com ele? Nenhum morador de São Paulo pode escapar dessas inquietações. Não por acaso o lixo foi escolhido como tema do primeiro módulo de formação do Projeto Ambientes Verdes e Saudáveis. Na primeira quinzena de março, os 82 educadores envolvidos no projeto puderam refletir e discutir sobre essa difícil problemática da cidade e multiplicar a discussão para 5.700 agentes comunitários de saúde e agentes de proteção social já atuantes na capital.

“O lixo foi escolhido para ser o primeiro conteúdo ambiental do projeto por se tratar de algo facilmente visível como um problema que atinge toda a sociedade”, explica a consultora ambiental Maluh Barciotte, que conduziu a reflexão com os educadores. “O lixo é uma espécie de radiografia do nosso estilo de vida”, completa a especialista.

Segundo dados oficiais, o município de São Paulo produz 15 mil toneladas de resíduos sólidos por dia – ou 1,5 quilo por pessoa por dia. Só o lixo domiciliar representa 9 mil toneladas deste total. "A evolução foi exponencial. Em 1970, eram 300 gramas por pessoa por dia nas áreas industrializadas, que é onde se produz mais lixo", conta Maluh. Hoje, os dois aterros que atendem a cidade - Bandeirantes e São João - estão com suas capacidades esgotadas.

A partir desses dados, o tema foi apresentado como um problema, mas na seqüência ganhou espaço o debate do lixo como solução. Na busca de alternativas, foram convidados a participar de um dos encontros, representantes da subprefeitura de Santo Amaro e de Itaim Paulista, do Instituto GEA e Instituto Triângulo e da cooperativa Granja Julieta. Dos “ecopontos” propostos pela prefeitura à reciclagem de óleo de cozinha realizada pelo Instituto Triângulo, foram discutidos outros destinos para os resíduos para além da lata de lixo comum.

A coleta seletiva, por exemplo, pode ser uma alternativa de desenvolvimento social, segundo a catadora Márcia Martins, que há três anos e meio está ligada à cooperativa Granja Julieta. “Tem caso de gente lá da cooperativa que dormia na rua e hoje consegue alugar um quartinho para morar". Para isso, ela garante que a organização é essencial: enquanto o catador independente vende o que recolhe para o ferro-velho por preços baixos, a cooperativa negocia valores mais altos direto com as indústrias que utilizam o material reciclado.

Com novas informações e diferentes olhares, não foi surpresa para Maluh que alguns educadores ficassem ansiosos em saber como lidar com o tema com os agentes que ainda não conheciam. “Porém, uma vez em contato com a turma, eles ganharam tranqüilidade e a troca de conhecimentos só aumentou”, conta Maluh.

A proposta é que a troca de informações experiências fortaleça a ação dos agentes e amplie sua percepção da realidade local e capacidade de intervenção. “Ao desenvolver projetos de intervenção em rede, poderão criar com a comunidade novas possibilidades para melhorar sua própria qualidade de vida”, conclui a especialista.

Reportagem: Silvana Salles

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