quinta-feira, 3 de maio de 2007

Saúde em guarani

Moradora da Aldeia do Jaraguá, a agente indígena Eunice Augusto Martim Sheley sai de sua casa, todas as quartas-feiras, para participar das atividades do Projeto Ambientes Verdes e Saudáveis. Com colegas das UBS Santo Elias, Vila Pirituba, Alpes do Jaraguá e Maria Domitila, a turma usa espaço da sede da Subprefeitura de Pirituba (Zona Norte) para as aulas, coordenadas pelo educador Valdir Pereira Nunes

Eunice começou a carreira de agente como voluntária

Assim como os agentes comunitários do Programa Saúde da Família, Eunice trabalha dentro da comunidade onde vive. Visita famílias, atende doentes, manda pacientes para consultas médicas no pólo-base local – semelhante a uma Unidade Básica de Saúde (UBS), mas com administração conjunta entre prefeitura, Fundação Nacional da Saúde (Funasa) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

De etnia guarani, Eunice conta que a aldeia começou a chegada de sua família ao local. “Meu pai veio do Rio Grande do Sul. Conheceu a esposa, que era aqui do litoral, e veio com ela e os oito filhos morar no Jaraguá. Aí começou a juntar mais gente”, diz ela. Isso foi em 1964.

A partir de 1995, a aldeia passou a se expandir para um terreno mais alto, que ficou conhecido como aldeia Pyau (“nova”, em guarani). A área ainda está em processo de demarcação. No total, 186 famílias vivem nos dois terrenos do Jaraguá.

Aos 52 anos, Eunice é agente desde 2002. Começou como voluntária, um pouco por acaso e um pouco por influência do pai. “Meu pai foi criado com os brancos, era fluente em português e guarani. Por isso, conseguiu estudar alguns anos de Medicina”, conta Eunice. Os conhecimentos médicos fizeram com que os vizinhos o procurassem quando tinham algum problema de saúde. “Eu me interessava pelo trabalho dele, mas nunca achei que fosse trabalhar na área”.

Quando seu pai faleceu, os habitantes da aldeia se depararam com um problema: falantes do guarani, não conseguiam se expressar direito em português quando iam ao médico. Começaram então a procurar por Eunice, que passou a acompanhá-los nas consultas como intérprete.

A partir desta experiência, ela se identificou com o trabalho de agente indígena de saúde. Atuou, dois anos como voluntária e depois foi contratada para trabalhar na recente edição do Projeto Rondon para tornar-se então agente na sua comunidade.

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