sexta-feira, 13 de julho de 2007

Sobra mina e falta água limpa no Cambuci

O bairro é um dos primeiros da cidade de São Paulo e hoje muitos de seus moradores vivem em situação de risco social


Mina de água contaminada na comunidade Muniz
de Souza, que atravessa quase todas as casas.
Moradores são orientados pela agente Tânia, da
UBS Cambuci, para não consumi-la.
(Foto: Jussara Salles)

Na comunidade Muniz de Souza, no Cambuci, região central da capital paulista, a maioria das moradias são precárias. São cerca de 79 famílias, expostas a uma série de doenças provenientes dos esgotos a céu aberto e também do tratamento inadequado ao lixo. Uma das famílias tem como forma de subsistência separar e vender o lixo reciclado da comunidade, mas falta organização para que os resíduos não fiquem acumulados. Além disso, as minas d’água que brotam em vários pontos do terreno não são devidamente cuidadas e aproveitadas. Ao contrário, ao cruzar com o sistema de esgotos, a água acaba contaminada e causa infiltrações constantes inclusive dentro das casas. Nos dias de chuva a situação piora.

As águas das minas, que um dia foram limpas, hoje brotam do chão e das paredes, provocando transtornos e doenças, principalmente para as crianças. A falta d’água na comunidade, que este ano durou mais de um mês em conseqüência de uma dívida dos moradores com a Sabesp, fez com que as pessoas passassem a consumir a água contaminada das minas para as atividades domésticas e de higiene pessoal. Conseqüentemente, o índice de doenças como dengue, dermatites e gastroenterites aumentou.

PAVS na comunidade Muniz de Souza

"Desde que começamos a participar desse projeto", conta a moradora Rosângela Rosa de Amorim, "observamos que os moradores estão mais mobilizados: já solicitaram a vinda de uma coleta seletiva, quase não consomem a água da mina, conservam melhor a limpeza do ambiente... xriamos até o mutirão Cata Bagulho". "As coisas estão se transformado por aqui", completa.

A educadora do PAVS Joana Marchetti e a UBS Cambuci têm participado ativamente para auxiliar na solução dos problemas. Durante o Seminário Integrador da Região Oeste, no início de julho, apresentaram as seguintes propostas de ação:

* Regularização do fornecimento de água para a comunidade;
* Negociação da dívida dos moradores em relação às contas de água que não foram pagas;
* Orientação quanto ao uso econômico e responsável da água;
* Resolução do problema das minas (formas de aproveitamento, canalização...);
* Implementação de saneamento básico;
* Organização de mutirões para a melhoria das condições habitacionais da comunidade, incluindo reformas nas moradias, plantio de árvore, hortas comunitárias e espaços de lazer;
* Implementação de coleta seletiva efetiva, aproveitando a iniciativa que já existe.


Prédio desativado abriga 72 famílias

E bem pertinho dali fica a comunidade Ananeri, onde 72 famílias vivem em um prédio de três andares de uma fábrica desativada. Lá, a chegada do PAVS também vem promovendo mudanças.

Ao som do "Capetinha do Forró", fomos conhecendo as moradias. Corredores escuros, roupas por secar em varais por todos os andares, o cheiro de mofo, o uso de banheiros comunitários deram uma dimensão dos desafios que as pessoas têm por ali.

A agente Maria de Lourdes Bahouth Donatelli conta que as pessoas desta comunidade também estão se comprometendo com as ações ambientais em benefício da saúde da comunidade. "A situação aqui era mais complexa, hoje, o lixo vai para a rua no dia certo, eles têm preservado a limpeza do ambiente e se preocupado com tudo o que trazemos, resultado do que aprendemos com o PAVS."

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